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sobre o livro
BALDOMERONuma São Paulo anterior à Linha Amarela do metrô, o jovem Baldomero – cujo maior desejo é se chamar Valdomiro – transita entre o Centro, a Divisa Diadema e a Cidade Universitária nesta narrativa repleta de desencontros, desordem e solidão que o escritor Bernardo Carvalho chamou de “uma bem-vinda e libertária insensatez”.
Operador de telemarketing e afeito às noitadas gays que acontecem entre o baixo Augusta e o Largo do Arouche, este quase anti-herói, em uma eterna crise de identidade expressa no próprio nome, tenta cursar a faculdade de geografia na Universidade de São Paulo, mas acaba caindo nas estatísticas de evasão universitária enquanto mal consegue pagar o aluguel.
Fernanda, sua colega de apartamento e figura de autoridade temerosa, insiste para que Baldomero – Babá, para os íntimos – lhe dê um tempo sozinha em casa para comemorar o aniversário com as amigas. O protagonista não consegue cumprir o pedido; nem ouvir com atenção as confidências de seu melhor amigo, Henrique; ou ainda ter um relacionamento afetivo satisfatório com a família ou com os homens que deseja. Inábil e autocentrado, frágil como qualquer masculinidade, o que Baldomero realmente consegue é se complicar cada vez mais.
Em uma linguagem experimental que alia prosa, poesia e bom humor, Leandro Rafael Perez estreia na ficção com uma pequena ode ao “Ulysses” de Joyce que tem um pé na viadagem e outro nos problemas do século 21. Ao discutir a funesta interseção entre o desejo dos homens gays pelo másculo e a pressão geral para que eles sejam apenas e exatamente isso em toda sua carga de misoginia e apatia, o autor dá à luz um personagem inesquecível em sua insignificância. Não é à toa que Baldomero deambula por toda a cidade, mas o que predomina neste romance é a inação, a sensação de paralisia que é tentar viver e pensar enquanto se trabalha e sobrevive na era do consumo.
MUNDO REAL
Em seu romance de estreia, finalista do Booker Prize de 2020, Brandon Taylor narra um final de semana de um jovem negro e queer que saiu do Alabama para estudar com uma prestigiosa bolsa de estudos. Wallace perdeu o pai há semanas e nenhum de seus amigos da pós-graduação sabe disso. Sem história e identidade como só aqueles que rejeitam o próprio passado podem viver, ele mal se move pelos laboratórios da universidade, onde faz experimentos com criaturas microscópicas, e sente-se incapaz de criar vínculos com os colegas.Desde que recebeu uma bolsa, Wallace enxerga nos estudos a oportunidade de escapar do ciclo de pobreza e violência de sua família. No entanto, na universidade, as pessoas mais próximas são também aquelas que mais lhe dão ódio e tédio. Ele não entende quando Emma, uma das poucas amigas, se emociona ao saber da morte de seu pai e quando os colegas o abordam com condolências, pressupondo um sofrimento que ele próprio acredita não sentir.
O luto, no entanto, desencadeia um desconforto novo em Wallace — como se a infelicidade fosse expurgada por uma força interna incontrolável, prestes a romper tudo o que foi conquistado. E do desassossego surge o medo: se deixar para trás o pouco que construiu para si, o que fica? Se não pode ter um passado, se não suporta seu presente, o que resta é ter um futuro – que não pode ser abandonado.
Mundo real é escrito a partir do olhar de um personagem que, dessensibilizado pela dor, julga-se frio, avesso à vida, ainda que seja profundamente sensível. Ao abordar temas que precisam ser articulados dentro e fora da literatura — violência sexual, racismo, homofobia, machismo, transtornos psicológicos, complexidades da vida acadêmica —, Brandon Taylor cria um romance de alta beleza formal, num estilo delicado e sutil, que sugere e emociona.
Destaques
BALDOMERO
“Existem várias formas de loucura sem nome e é numa delas, ligeiramente torta, ligeiramente deslocada, enigmática, inacabada e imperfeita, que Leandro Rafael Perez busca a literatura, num registro explicitamente sexual.”— Bernardo Carvalho
MUNDO REAL
“Um romance de estreia espantoso […] Taylor revela-se um observador atento não apenas da psicologia do trauma, mas também das suas repercussões […] Poesia pura e precisa.”
— The New York Times Book Review
“Psicologicamente contundente, incisivamente satírico, narrado num estilo silencioso, mas que atinge uma gama emocional completa, este é um livro brilhante, digno de um vasto público.”
— The Guardian