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sobre o livro
O que aconteceria se fosse permitido às pessoas entrar na casa de desconhecidos e circular livremente por meio de um dispositivo tão adorável quanto um robô de pelúcia? Do que somos capazes quando guiados pelas regras incertas de um novo contrato social e sob a garantia do anonimato?
Neste romance original e divertido, mas também aterrador, Samanta Schweblin, uma das principais vozes da literatura argentina atual, explora o lado inquietante da tecnologia e constrói um poderoso retrato da vida moderna.
Solidão, afeto e generosidade, mas também oportunismo, infâmia e perversão, são alguns dos sentimentos que, atravessados pela virtualidade e pela paradoxal fragilidade da comunicação contemporânea, compõem este romance demasiado humano, verdadeira anatomia moral de nossos dias.
trechos
“A câmera estava instalada nos olhos do bicho de pelúcia, e às vezes ele girava sobre as três rodas escondidas sob sua base, avançava ou retrocedia. Alguém o manipulava de algum outro lugar, elas não sabiam quem era. Era um ursinho panda simples e tosco, embora na verdade parecesse mais uma bola de rúgbi com uma das pontas cortada, o que lhe permitia se manter em pé. Quem quer que fosse do outro lado da câmera tentava segui-las sem perder nada.”
“E as notícias sobre kentukis, isso era outra coisa que interessava a Mister. Agora mesmo nas notícias de Umbertide uma repórter informava na frente do hospital estatal: uma senhora idosa tivera uma parada cardíaca e seu kentuki coruja tinha salvado a vida dela ligando para a emergência. Em agradecimento, a mulher pediu sua conta bancária e lhe depositou dez mil euros, mas então o kentuki desaparecera, e não estava ali para o segundo ataque cardíaco da mulher, que a pôs definitivamente no outro mundo. “O kentuki tem uma parcela da responsabilidade?” — perguntou a repórter para a câmera. “E se tivesse, que tipo de ações legais poderiam ser aplicadas a esses novos cidadãos anônimos?” Uma breve mesa de debate se abriu no estúdio, onde uma pessoa que tinha um kentuki em seu consultório de Florença contou um caso médico diferente, e outra, que era kentuki na recepção de um hotel em Mumbai, apresentava seus próprios dilemas. Diante da tevê, a toupeira permanecia imóvel.”