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![](https://fosforo.mandelbrot.com.br/wp-content/uploads/2022/09/capa_aos-prantos-no-mercado_SITE-BAIXA.jpg)
sobre o livro
Não é preciso conhecer nada de gastronomia para saber que a comida é uma das bases de nossa educação sentimental. Os ingredientes, os modos de preparo, a combinação de aromas, cores e sabores com as quais aprendemos a nos familiarizar compõem o repertório íntimo de cada um de nós. E é justamente esse poder de mobilizar o afeto que é evocado desde o primeiro parágrafo de Aos prantos no mercado. Nele, vemos a protagonista, que atravessa o luto pela morte precoce da mãe, liberando o pranto represado ao percorrer as prateleiras do mercado coreano H Mart em Nova York.
Originalmente publicadas na revista The New Yorker com o mesmo título, essas páginas tiveram um enorme sucesso e acabaram se tornando o capítulo de abertura do primeiro livro da cantora de rock independente Michelle Zauner, um best-seller do New York Times que também entrou para a lista de melhores de 2021 do presidente Barack Obama.
Enquanto a saudade da mãe coloca em perspectiva as antigas rebeliões da adolescência e atenua o rigor do julgamento das escolhas feitas pelos pais, a comida representa uma espécie de tábua de salvação na qual Zauner navega os descaminhos dos últimos e dolorosos momentos da mãe. Nessas memórias, a autora relembra a culinária afetiva a fim de não se perder de si ao atravessar o luto.
Ela passa horas assistindo aos vídeos de uma youtuber, compenetrada em reproduzir a alquimia das receitas coreanas. Isso atenua a angústia íntima de que seus traços caucasianos vão apagar a origem coreana, antes legitimada pela existência da mãe. E entre os expedientes da vida adulta, a protagonista descobre que o luto, a festa e a criação artística podem conviver intimamente na difícil tarefa de encontrar um lugar no mundo.
Estreia literária da cantora, Aos prantos no mercado nos inunda de sensibilidade ao reconstruir a dimensão afetiva dos pequenos atos cotidianos, e supre a distância entre o paladar brasileiro e o coreano ao aguçar a curiosidade de conhecer esses sabores. O livro também pondera consensos e dissensos reconstruídos à luz da experiência limite do luto, ressignificando os traumas da infância e convocando a uma nova responsabilidade sobre as escolhas da vida adulta.
Destaque
“As descrições do livro de jjigae, tteokbokki e outras iguarias coreanas se destacam como símbolos do amor profundo e ilimitado entre Zauner e sua mãe… A franqueza de Zauner em relação à morte parece um presente inesperado, mas profundamente necessário.”
— Vogue
“[Zauner] começa a barganhar, apelando para a magia sacrificial da inversão de papéis: talvez, se ela puder carregar a dor de sua mãe em seu lugar, possa realizar adequadamente ‘o rito de uma filha única’, Zauner possa intermediar uma cura, que seria obscura, mas profundamente conectada a fazer as pazes por sua desobediência infantil e rebelião adolescente.”
— The Guardian